terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ainda sobre os biscoitos

É engraçado ver como diferentes línguas e culturas se apropriaram de maneira diferente da palavra (originalmente) francesa biscuit.

Para os ingleses, os biscuits são bolachas redondas e achatadas, principalmente à base de aveia e/ou de farinha integral.
Os biscuits podem ser mais ou menos adocicados, mas não foram inventados para satisfazer o desejo pelo doce. Pelo contrário, costumam ser consumidos à refeição (antes, durante ou depois), muitas das vezes acompanhados de queijo. São exemplos: os oatmeal biscuits e os digestive biscuits (que por cá se chamam ... pois é, bolachas digestivas).

Para os americanos, os biscuits são uma coisa parecida com scones. Só que geralmente não levam ovos nem passas. Um bom exemplo são os buttermilk biscuits, típicos do sul dos Estados Unidos. Os biscuits americanos são sobretudo comidos ao pequeno almoço, um pouco como nós (e todas as outras pessoas do Velho Continente) comemos os scones: com manteiga e/ou doce de fruta. Mas há também quem goste deles com salsichas, bacon, molho e inclusive batatas fritas. É o teu caso? Então, deves pedir uma dose de biscuits & gravy.

Os holandeses e os belgas (pelo menos os que falam neerlandês) têm o beschuit. Impossível de ser confundido com o universo das bolachas, o beschuit é semelhante às nossas torradas secas ou tostinhas para entradas (oh não, agora vamos ter de escrever um post sobre as fronteiras nebulosas entre as tostas e as torradas). Aquelas que se compram já prontas a comer. Só que é substancialmente mais grosso (tem +/- 2cm de altura) e é necessariamente redondo (com um diâmetro de +/- 9 cm). O beschuit vai (ou, melhor, foi) ao forno duas vezes e, como tal, respeita a sua etimologia.

Já aqui falámos sobre os biscoitos da língua portuguesa. Só nos faltava falar dos biscoitos de cão ...